sábado, 12 de janeiro de 2013

O Hobbit: uma jornada inesperada, porém que ainda continuaremos a esperar

Fili, Dori, Bofur,Gloin, Dwalin,Thorin, Balin, Oin, Bombur, Bifur, Ori
Anões Faltantes: Kili e Nori

Como o próprio nome do blog sugere, por que não começarmos por falar de O Hobbit: Uma jornada inesperada?  Entrei na sala do cinema com um misto de ansiedade e preocupação. Ansiedade, pois ora esta era mais uma adaptação de um livro de J.R.R. Tolkien e se analisarmos o retrospecto, Peter Jackson tinha conquistado muitos pontos com as filmagens de O Senhor dos Anéis. Por sua vez, preocupação, já que por uma decisão puramente comercial, o estúdio resolveu transformar, o que poderia muito bem ser filmado em um único longa-metragem ou no máximo em dois, em uma trilogia! Internamente, igualmente acontecia com o personagem Gollum, começava-se a uma disputa entre o bem e o mal:
- “Isso não vai dar certo! Não há enredo para três filmes, meu precioso”, dizia o meu lado pessimista. Tá, o “meu precioso” eu inventei, só para dar certa ironia a cena.
- “Mas, eles utilizarão os apêndices do Senhor dos Anéis”, tentava amenizar aquela vozinha que sempre tenta encarar o lado positivo das coisas.
Enfim, vamos ao filme. Em cerca de duas horas e quarenta minutos, Jackson só conseguiu abordar seis capítulos dos dezenove que totalizam o livro. Por ser um livro com um conteúdo mais infantil comparado à trilogia principal, já pensava que o filme careceria de alguns momentos impactantes. Só não esperava que fossem tantos! Precisava mesmo colocar a cantoria inteira dos anões, Mr. Jackson? Ou fazer um Radagast, o Castanho tão caricato? Alguns dirão que gostaram da personagem, pois, segundo eles, ela fez um contraponto perfeito com a personalidade altiva de Gandalf ou ao orgulho de Saruman. Todavia, a cena da cura do ouriço - que toma quase dez minutos! - poderia ter sido deixada de fora.
Achei que a cena de apresentação dos anões ficou muito parecida com o livro, apesar de ainda pensar que a cantoria poderia ter sido resumida. Porém, assim como no livro, algumas personagens passam despercebidas, seja pela falta de carisma, seja por não desempenharem um papel tão importante assim. Em meio aquele mundo de anões, hoje só conseguiria identificar, dentre os treze anões, Thorin, Escudo de Carvalho (Richard Armitage); Kili (Aidan Turner); Fili (Dean O’Gorman); Dwalin (Grahan McTavish) e o Balin (Ken Scott). Não me preocupei, nem me importei em saber quem eram Bofur, Bifur, Bombur, Ori, Oin, Dori, Gloin, e muito menos, quem era o Nori.
Na carência de um grande algoz, já que o dragão Smaug só deve dar as caras no próximo filme, Mr. Jackson precisou estender o papel do orc Azog. No livro não se fala muito dele, cabendo uma simples menção no primeiro capítulo do livro, como aquele que matou o rei Thór. No filme, para se falar a verdade, Azog só ganha destaque na batalha final, que por sinal consegue impressionar e quebrar o clima de monotonia que paira sobre algumas partes do filme, onde após cercar a comitiva no pico de uma montanha, vê seus planos frustrados pela chegada do rei das águias.
O temido, que nem foi lá essas coisas, vilão Azog
Se você leu até aqui, deve estar pensando que o filme foi uma porcaria e que quando ele sair na locadora mais próxima da sua casa, com certeza você passará bem distante dele. Porém, entre mortos e feridos, nem tudo foi um desastre. A passos largos Ian McKellen, como Gandalf, carrega a produção nas costas e o Mr. Jackson soube se aproveitar disso, pois é somente quando Gandalf está em tela que as cenas de maior emoção acontecem. Jackson também fez referência à cena da trilogia original em que a sombra do mago parece aumentar de tamanho para demonstrar sua cólera.
Esqueçam o jeito choroso do Frodo, interpretado por Elijah Wood. O Bilbo de Martin Freeman não nos deixa nenhuma saudade do protagonista da trilogia anterior. Apesar que é quase uma unanimidade, ninguém gosta do Frodo (risos), mas deixa para lá.  Freeman nos passa emoção e o carisma de uma personagem que, ao mesmo tempo, está imerso uma grande jornada, duvida de seu potencial e de sua capacidade de realizá-la. Novamente, Mr. Jackson aproveita para fazer uma referência à trilogia original, quando Bilbo cai, fugindo do Gollum, e o anel cai sobre o seu dedo, fazendo-o desaparecer, assim como ocorreu com Frodo, no Pônei Saltitante.
Por falar em Gollum, Andy Serkis está fenomenal. Os embates entre o lado bom e o ruim estão de volta, sem falar nos movimentos da criatura e nas alternâncias de voz, que nos fazem ora sentir pena, ora sentir extremo pavor e raiva do pobre Sméagol.
Li algumas reclamações sobre a personalidade de Thorin e de como ela está diferente daquela do livro. A meu ver, acho que a decisão do Mr. Jackson foi acertada, em deixar de lado àquela mais altiva e sábia do livro e focar-se em uma mais ressentida e rancorosa do filme. O prólogo mostra como o reino dos anões atingiu seu apogeu até sua queda e de como, aos olhos de Thorin, seu povo foi abandonado a própria sorte pelo Rei élfico. De como ele e seu povo passaram a vagar sem terra e humilhados, assim nada mais justo que os anos lhe transformassem em uma pessoa amarga. Tá certo, isso parece um pouco clichê, mas dadas as circunstâncias, acho que essa seja a escolha mais acertada.
Por fim, termino falando da trilha sonora e da tão comentada filmagem em 48 fps. Quanto a trilha sonora, não há o que falar. Howard Shore fala por si mesmo. Acredito que em todas as pessoas que assistiram ao filme, bateu aquela nostalgia de estar assistindo novamente a trilogia principal.  Já a respeito da filmagem em 48 quadros por segundo, para ser sincero, acho que preciso assistir mais filmes nessa resolução, para poder criar uma opinião mais aprofundada sobre o assunto. Sim, ela dá um efeito mais realista e certa aceleração as cenas, porém ainda não é algo a que me acostumei.
Ah, Cate Blanchett!
O primeiro filme de O Hobbit peca em tentar ser épico como a trilogia principal foi, e talvez nós, fãs, acabamos por ir ao cinema com a sensação de que assistiríamos um filme tão grandioso como O Senhor dos Anéis. Porém, ainda é um filme que merece ser assistido e que continuemos a acreditar que as próximas sequências consigam suprir nossas expectativas.